Cota mínima: 460 metros
Cota máxima: 1504 metros
Na famosa Cruz de Ferro
Ah, os personagens do Caminho. É tão grande o número de pessoas viajando ao mesmo tempo pelo Caminho de Santiago, que invariavelmente cruzamos com alguns peregrinos emblemáticos. Nilson, um brasileiro da cidade de Limeira é uma dessas figuraças.
Depois daquela massagem relaxante no final do quinto dia de viagem, fui jantar. Quando voltei ao albergue a proprietária veio me dizer que havia chegado outro brasileiro. Nos apresentamos, seu nome era Nilson e ele não tinha experiência com bicicletas, ainda assim decidiu enfrentar esta dura peregrinação pedalando uma. Não trouxe a bike do Brasil, comprou uma Trek na Espanha mesmo, com alforges e tudo. Quanto a mim, fiz toda uma preparação para encarar a viagem, levei um equipamento top de linha, 100% adequado às minhas necessidades, carreguei pouco peso e planejei tudo com cuidado. Meu novo amigo brasileiro, por sua vez, foi literalmente na raça. Começou carregando mais de 30Kg na bike. Os quilômetros foram se sucedendo e ele percebeu que deveria se desfazer de algumas coisas, foi então que mandou pelo correio vários objetos desnecessários, coisas do naipe de uma calça jeans, de volta para a casa de um amigo em Portugal. Sob a minha ótica, era um ato de heroísmo ele ter chegado inteiro até Rabanal del Camino, pedalando algumas vezes até de chinelos Havaianas! Conversa vai, conversa vem, descobri que Nilson seria o salvador da pátria para mim, pois ele trazia um adaptador de tomadas para o padrão europeu, isso significava que finalmente eu poderia recarregar as baterias de minha câmara e voltar a tirar fotos, justamente no dia em que para mim a Rota Jacobea se tornaria ainda mais mítica, difícil e emocionante. Além do brasileiro, Rabanal del Camino estava cheia de gente alternativa. Conhecemos um caminhante de Madrid que passava as férias, fazendo um trecho pequeno do Caminho. Seu objetivo não era chegar a Santiago de Compostela, apenas conhecer gente e fumar baseado em harmonia com a natureza.